artigos e ensaios - 2021 / Mariza Peirano

Argonautas, cem anos depois

Por muito tempo considerado um livro meramente etnográfico, foram necessárias várias décadas para que, na antropologia, ficasse evidente que a teoria é par indissociável da etnografia – foi então possível que Argonautas do Pacífico Ocidental, de Bronislaw Malinowski, recebesse o devido reconhecimento como marco da disciplina.

O caminho para essa avaliação não foi sem adversidades: em períodos alternados, Argonautas sofreu críticas e foi aplaudido. Em inglês, o livro nunca se esgotou, mas viveu um percurso frequente na antropologia como disciplina: livros e monografias, em determinado momento reconhecidos, ficam depois esquecidos, são redescobertos, apreciados, voltam como inspiração. O desenvolvimento da antropologia nunca foi linear; assim, apenas alguns livros se tornaram clássicos. Argonautas foi um deles e fez-se divisor de águas na história da disciplina. Como precursor da pesquisa de campo intensiva, criou padrões, definiu o trabalho etnográfico, favoreceu novas teorias, alimentou ideais e utopias. No centenário de sua publicação, Argonautas é referência para a antropologia e outras disciplinas das humanidades, como linguística, sociologia, economia. Leia na íntegra...