capítulos de livros - 1991 / Mariza Peirano

Por um pluralismo renovado

Em 1982, o então Departamento de Ciências Sociais da Universidade de Brasília convidou três conhecidos antropólogos para que, no ensejo da comemoração dos dez anos do programa de pós-graduação em antropologia na Universidade, fizessem depoimentos a respeito de sua experiência nas atividades ligadas à disciplina. Foram convidados os Professores Luiz de Castro Faria, do Rio de Janeiro; Egon Schaden, de São Paulo; e Thales de Azevedo, da Bahia. Nestes três documentos, nos quais os convidados procuraram retratar o período que vai dos anos 30 aos 50 (o professor Castro Faria chega até o início dos PPGAS do Museu Nacional em 1968), além do material etnográfico excepcionalmente rico que ofereceram, o desenvolvimento da antropologia é visto de três perspectivas regionais: Castro Faria, de quem estava no Rio de Janeiro; Egon Schaden, de São Paulo e particulannente na USP; e Thales de Azevedo, da Bahia

Foi nesta ocasião que o professor Egon Schaden fez um comentário curioso. Disse ele a respeito do desenvolvimento da antropologia em São Paulo: "Nunca chegou a esborçar-se, felizmente, na Universidade de São Paulo, algo que pudesse denominar-se uma 'escola antropológica paulista'" (Schaden, 1984:254).

No que se segue, procurarei me utilizar deste comentário porque, embora Egon Schaden não tivesse elaborado porque considerava auspiciosa a ausência de uma "escola" de antropologia em São Paulo, ele é revelador por dois motivos: primeiro, porque ajuda a definir um certo perfil da disciplina por contraste com os outros dois depoimentos e segundo, porque Schaden deixa entrever implicitamente que o desenvolvimento da antropologia se media, em São Paulo, em relação a uma outra disciplina, i.e., a sociologia. Para iniciar, procuro resumir os três depoimentos mencionados.

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